sábado, 22 de fevereiro de 2014

11a. Lição: Currículo: História

DISCIPLINA DE HISTÓRIA
CONCEPÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA
A História é um conhecimento construído pelo ser humano em diferentes tempos e espaços. É a memória que se tornou pública, em geral, expressão das relações de poder. De acordo com BEZERRA, (2003 pg. 42) “o objetivo primeiro do conhecimento histórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos, o desvendamento das relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços”.
Diferentes historiadores e sujeitos históricos contam a História a partir de sua visão de mundo. Nesse sentido não há uma verdade única, mas sim aquela que foi tecida por um grupo social. Trata-se de um conhecimento científico, que precisa ser interpretado.
Hoje, por exemplo a História busca os diversos aspectos que compõem a realidade histórica e tem nisso o seu objeto de estudo, deixando de lado uma História que a partir do século XIX privilegiava o fato político, os grandes feitos e os heróis em direção a um progresso pautado pela invenção do estado-nação que precisava ser legitimado. Nesse contexto, é criada a disciplina de História que tinha como função legitimar a identidade nacional.
Até a década de 80, do século XX, a disciplina de História manteve seu conteúdo eurocêntrico e sua divisão quadripartite, até hoje presente no currículo de muitos cursos universitários. Numa outra perspectiva algumas universidades, começaram a abrir espaço ao estudo da História Oriental e da História da África. No entanto, essa é uma prática bem recente.
A História trata de toda ação humana no tempo em seus múltiplos aspectos: econômicos, culturais, políticos, da vida cotidiana, de gênero, etc. Para se perceber como sujeito da História, o educando precisa reconhecer que essa ação transforma a sociedade, movimenta um espiral de mudanças, na qual há permanências e rupturas.
O homem/mulher como sujeito da História, deve ser conhecedor dos porquês, dos problemas, das idéias, das ideologias e que só com uma visão holística do mundo e da sociedade ele se entenderá como cidadão ativo e conhecedor de seus direitos e de seus deveres.
Na Educação de Jovens e Adultos deve-se levar em consideração o fato de que os seus educandos possuem maior experiência de vida e que essa modalidade tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e o acesso à cultura geral. A diversidade presente na sala de aula, a partir dos diferentes perfis sociais, deve ser utilizada a favor do trabalho pedagógico no ensino de História. Pode-se recorrer às diferenças para estabelecer comparações, levantar diferentes concepções de mundo e ainda buscar trabalhar com o respeito e a aceitação das diferenças.
É preciso que o ensino de História na Educação de Jovens e Adultos seja dinâmico e que o educando perceba que a História não está sepultada, mas em constante transformação. Nesse sentido, pode-se tomar sempre como ponto de partida e de chegada o próprio presente, onde estão inseridos educandos e educadores. Há que se considerar que o passado explica o presente, mas também o presente explica o passado. Isso não significa, no entanto, que se possa abrir mão do rigor na interpretação do passado, pois não se pode incorrer em anacronismos ou em posturas teleológicas. É preciso estimular o interminável diálogo entre o presente e o passado levando em consideração as especificidades de cada contexto histórico.
É fundamental que o educador de História não atue como reprodutor de um conhecimento pronto, de uma coleção inesgotável de fatos do passado. Mas, que torne possível desconstruir na sala de aula os múltiplos olhares da História, criar argumentos que possam concordar ou discordar de um autor, tomar posição diante do que já ocorreu e ainda está ocorrendo. Não se pode ser um cidadão pleno sem que se realize uma análise crítica dos caminhos percorridos pelo homem/mulher ao longo da história.
Por fim, reconhecer que esses sujeitos são produtores de signos e utopias, capazes de transformar a natureza e escrever sua própria História. Portanto, a História é uma construção coletiva em que todos os sujeitos tem um papel principal e suas ações são de suma importância para uma participação consciente na transformação da sociedade e do mundo em que vivem.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
De acordo com as contribuições da historiografia, nas últimas décadas a aprendizagem histórica se efetiva quando o conhecimento passa a ser experiência para o educando no sentido de que ele se aproprie do que aprendeu para ler e explicar o seu mundo.
No mundo contemporâneo um constante (re)pensar sobre a cultura escolar é fundamental para acompanhar as mudanças que ocorrem cotidianamente e que implicam diretamente na vida de educandos e educadores. Nesse sentido, a partir de discussões teórico-metodológicas significativas e que colocam o educando na centralidade do processo ensino-aprendizagem, pretende-se contribuir para uma prática de qualidade e de reflexão nas ações pedagógicas.
Para isso, propõem-se a abordagem dos conteúdos a partir de temáticas, no ensino de História, para os educandos (as) da Educação de Jovens e Adultos rompendo, dessa forma, com a narrativa linear e factual num diálogo permanente com a realidade imediata sobre a qual se constituem os diversos saberes. Pretende-se com isso priorizar uma prática pautada na associação ensino-pesquisa e no uso de diferentes fontes e linguagens.
Nessa perspectiva, exige-se uma abordagem problematizadora dos conteúdos de História, em que educadores e educandos possam dialogar e nesse diálogo, propiciar condições de pensar, argumentar e fundamentar suas opiniões através dos conteúdos socialmente significativos relacionados ao contexto político e social, reconhecendo a pluralidade étnica e cultural onde esses sujeitos estão inseridos.
Esta problematização deve propiciar uma análise crítica da realidade social, distinguindo-se da “educação bancária” em que o educador apresenta os conteúdos aos educandos, impondo-lhes um saber desprovido de reflexão (FREIRE, 1987).
É impossível, ensinar tudo a todos, desta forma se faz necessário a seleção e a escolha de conteúdos essenciais que possibilitem o êxito no processo ensino-aprendizagem e permitam satisfazer as necessidades dos educandos, respeitando suas especificidades, objetivando sua formação humanista e a busca de sua autonomia intelectual e moral.
Os conteúdos não devem ser trabalhados de forma isolada ou compartimentada, o estudo deve se dar de forma abrangente no tempo e no espaço, como por exemplo, no que refere as questões sociais, as contradições, a Histórica local, conteúdos estes que estabeleçam relação entre o local e o global e possibilitem aos educandos, compreender as semelhanças e diferenças, as permanências e as rupturas do contexto histórico.
Transformar os conteúdos em “situações problemas” é imprescindível para demonstrar a relevância do que se vai estudar. O questionamento deve levar a reflexão crítica e permanente, possibilitando a construção de saberes socialmente significativos para que o educando interfira no sentido de transformar a sociedade, em que vive. Dessa forma o ensino de História será sempre possibilidade e nunca determinação.
É essencial no processo ensino-aprendizagem que a teoria esteja em sintonia com a prática, respeitando os níveis de compreensão dos educandos sobre a própria realidade.
Em suma, esse processo deve contribuir para formar um educando leitor e escritor, que se aproprie dos conhecimentos históricos, a partir da leitura, análise e interpretação de diversas linguagens, bem como da produção de textos orais e escritos, que valorizem o fazer e o refletir. Também é importante que o educando da EJA possa ampliar a sua leitura de mundo percebendo-se como sujeito da História na busca da autonomia e da cidadania.
ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
*A História e sua importância
- O tempo na História
- A contagem do Tempo
- Divisão da História
*Pré-História
- Os primeiros homens
- Os períodos da Pré-História
- O Brasil também teve Pré-História
*Mesopotâmia
- Sumérios
- Acádios
- Babilônios
- Assírios
- As classes sociais
- Características econômicas
- Religião
*Egito
- Nilo, a vida no Egito
- A sociedade egípcia
- Economia
- Religião
*Oriente Médio: Persas, Fenícios e Hebreus
*Grécia
- As cidades – estados
- Os primeiros tempos da democracia
- Herança cultural deixada pelos gregos
*Roma
- Formação do povo romano e a monarquia
- A República
- O Império
- Aspectos culturais da civilização romana
- Religião
*A sociedade medieval e o feudalismo
- Nascimento do feudalismo
- A sociedade e a igreja medieval
- A organização do feudo
*Cruzadas e renascimento das cidades
*Formação das monarquias nacionais e as grandes navegações
*América pré-colombiana
*Renascimento cultural e artístico
*Reforma Religiosa e absolutismo monárquico
*Economia e sociedade do Brasil colonial
*Administração colonial e domínio holandês
*Bandeirantes e o ouro
*Iluminismo e Independência dos Estados Unidos
- Pensamento iluminista
- Influência do Iluminismo na independência dos Estados Unidos
- Pressões inglesas e lutas pela independência
*Revolução Industrial
- Motivos do pioneirismo inglês
- Mudanças no sistema de trabalho
- Fases da industrialização e transformações impostas pela Revolução Industrial
- Organização dos trabalhadores
- Teorias socialistas
*Revolução Francesa e Império Napoleônico
- A França antes da revolução
- Revolução Francesa e suas fases
- Consultado ( 1799 – 1804)
- Império Napoleônico
*Revoltas coloniais e presença da família real no Brasil
- Revoltas nativistas
- Revoltas separatistas
- Fuga da família real portuguesa para o Brasil
- Revolução pernambucana de 1817
- Volta da família real para Portugal
*Independência das colônias espanholas e Independência do Brasil
- Opressão metropolitana
- Lutas das colônias espanholas pela Independência
- Independência do Brasil
*Primeiro Reinado e Período Regencial
- Governo de Dom Pedro I ( 1822 – 1831)
- Constituição de 1824
- Confederação do Equador
- Crise do Império e abdicação de Dom Pedro I
- Período Regencial
- Revoltas Regenciais
*Segundo Reinado
- Governo de Dom Pedro II
- Parlamentarismo brasileiro
- Revolução praieira (Pernambuco) ( 1848 – 1850)
- Política externa: questão Christie e Guerra do Paraguai
- Economia brasileira no Segundo Reinado
- Indústria no Brasil.
- Trabalho operário
- Abolição da Escravatura
*Imperialismo
- O que foi o neo-colonialismo
- Dominação imperialista
- Partilha da África
- Outras conquistas imperialistas e as revoltas dos colonizados
- Imperialismo norte-americano
- Conseqüências da expansão imperialista
*República Brasileira
- Questão religiosa
- República Militar: Deodoro e Floriano
- República Oligárquica e o poder dos coronéis
- Guerra de Canudos
- Guerra do Contestado e Cangaço
- Revolta da Vacina
- Desenvolvimento da indústria brasileira
- Tenentismo e Coluna Prestes
*Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa e Crise Mundial, Revolução Russa e Crise no Capitalismo
- Primeira Guerra Mundial ( 1914-1918)
- Tratado de Versalhes
- Revolução Russa
- Crise de 1929 e regimes totalitários (nazismo e fascismo)
*Era de Vargas e Segunda Guerra Mundial
- Governo Provisório
- Estado Novo
- Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
- Avanço de Hitler
- Entrada dos Estados Unidos na Guerra e vitória dos Aliados
- O pós-guerra.
*Guerra Fria e o Brasil de 1945 a 1964
- Blocos econômicos
- Guerra Fria
- A Guerra Fria chega ao fim
- Brasil: o fim do governo de Getúlio Vargas
- Governo Dutra ( 1946-1951)
- Volta de Getúlio Vargas ao poder
- Queda de Vargas
- Governo de Juscelino Kubitschek
- Governo de Jânio Quadros
- Governo de João Goulart
*Militarismo no Brasil
- Castelo Branco, o primeiro presidente militar
- Governo Emílio Garrastazu Médici
- Governo Ernesto Geisel
- Governo João Batista de Oliveira Figueiredo
*Democratização política do Brasil
- Diretas já
- Governo José Sarney
- Constituição de 1988
- Governo Fernando Collor de Mello
- Governo Itamar Franco
- Governo Fernando Henrique Cardoso
- Governo Luís Inácio Lula da Silva

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