sábado, 22 de fevereiro de 2014

12a. Lição: Currículo: Geografia

DISCIPLINA DE GEOGRAFIA
 
CONCEPÇÃO DO ENSINO DA GEOGRAFIA
Atualmente, a grande velocidade com que vem ocorrendo as transformações no espaço planetário, tem levado a escola a rever conceitos e metodologias, pois esses refletem diretamente nos elementos fundamentais do ensino da Geografia.
Para iniciar a reflexão sobre o ensino de Geografia se colocam algumas questões: O que é Geografia? Para que serve? Como ensinar Geografia?
Para responder a essas questões, faz-se necessário esclarecer que a Geografia como ciência, sofreu ao longo da história profundas transformações, tanto em nível teórico quanto metodológico. Até as primeiras décadas do século XX, predominavam nas escolas concepções tradicionais e os livros se limitavam a uma Geografia puramente descritiva e enumerativa, tipo catálogo. Os educandos eram obrigados a memorizar listas intermináveis de nomes e números, ou confundiam a Geografia com a topografia e a cartografia.
Esta Geografia tradicional, centrada na observação e na descrição principalmente do quadro natural estrutura-se em três aspectos: os físicos, os humanos e os econômicos.
Os aspectos físicos, nesta concepção, são considerados os mais importantes. Abrangem especialmente a hidrografia (rios, bacias hidrográficas, redes fluviais e tudo o que se refere ao mundo das águas); o relevo (planícies, planaltos, serras – ou seja, as formas da superfície terrestre); o clima ( calor, frio, geada, neve e estados do tempo em geral); e a vegetação (florestas, campos, cerrados, caatinga e temas relacionados à distribuição das espécies vegetais pela superfície terrestre).
Os aspectos humanos referem-se ao homem “inserido” no quadro natural, como se a paisagem tivesse sido moldada para recebê-lo e fornecer-lhe suas “dádivas”, ou seja, seus recursos: solo, água, animais, vegetais e minerais, por exemplo.
Por fim, na parte econômica busca-se explicar como o homem explora e transforma o ambiente por meio das atividades econômicas, expressas pela seguinte ordem: extrativismo, agricultura, pecuária, indústria, comércio, serviços e meios de transporte – a circulação no território.
Observa-se que, na Geografia tradicional, o ensino desenvolve-se por meio de blocos (Geografia física, humana e econômica) que não se relacionam nem internamente, nem entre si, desarticulados no espaço e no tempo. Na Geografia física, por exemplo, não é estabelecida uma relação entre clima, solo, relevo e hidrografia, faz-se uma descrição sem correlações entre os elementos. Com tudo isso, segundo MORAES (1993, p.93), no Brasil, “a partir de 1970, a Geografia Tradicional está definitivamente enterrada; suas manifestações, dessa data em diante, vão soar como sobrevivências, resquícios de um passado já superado”.
Assim, se faz necessário repensar o ensino e a construção do conhecimento geográfico, bem como a serviço de quem está esse conhecimento. Qual o papel do ensino de Geografia na formação de um cidadão crítico da organização da realidade socioespacial.
A partir da compreensão do espaço geográfico como “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas, de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como quadro único no qual a história se dá”, Santos (1996, p.51), propõe uma concepção de geografia que possibilite ao educando desenvolver um conhecimento do espaço, que o auxilie na compreensão do mundo, privilegiando a sua dimensão socioespacial. Para MORAES (1998, p.166), “formar o indivíduo crítico implica estimular o aluno questionador, dando-lhe não uma explicação pronta do mundo, mas elementos para o próprio questionamento das várias explicações. Formar o cidadão democrático implica investir na sedimentação no aluno do respeito à diferença, considerando a pluralidade de visões como um valor em si”.
Nesse contexto, a Geografia explicita o seu objetivo, de analisar e interpretar o espaço geográfico, partindo da compreensão de que o espaço é entendido como produto das múltiplas, reais e complexas relações, pois, como mostra SANTOS (2001, p.174) “vive-se em um mundo de indefinição entre o real e o que imagina-se dele”. E, em conformidade com RESENDE (1986, p.181) “é preciso reconhecer a existência de uma saber geográfico, que épróprio do educando trabalhador, um saber que está diretamente ligado com sua atitude intelectiva, respondendo sempre ao seu caráter social, objetivo, de um todo integrado, um espaço real”.
Desse modo, à Geografia escolar cabe fornecer subsídios que permitam aos educandos compreenderem a realidade que os cerca em sua dimensão espacial, em sua complexidade e em sua velocidade, onde o espaço seja entendido como o produto das relações reais, que a sociedade estabelece entre si e com a natureza. Segundo CARLOS (2002, p.165) “A sociedade não é passiva diante da natureza; existe um procedimento dialético entre ambas que reproduz espaços e sociedades diferenciados em função de momentos históricos específicos e diferenciados. Nesse sentido, o espaço é humano não porque o homem o habita, mas porque o produz”.
Compreender as contradições presentes no espaço é o objetivo do conhecimento geográfico, ou seja, perceber além da paisagem visível.
Torna-se urgente, assim, romper com a compartimentalização do conhecimento geográfico. Neste sentido, faz-se necessário considerar o espaço geográfico a partir de vários aspectos interligados e interdependentes, os fenômenos naturais e as ações humanas, as transformações impostas pelas relações sociais e as questões ambientais de alcance planetário, não desprezando a base local e regional.
Nesse contexto, o homem passa a ser visto como sujeito, ser social e histórico que produz o mundo e a si próprio. Segundo CAVALCANTI (1998, p.192) “O ensino de geografia deve propiciar ao aluno a compreensão de espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições, contribuindo para a formação de raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço, pensando os fatos e acontecimentos mediante várias explicações”.
O ensino de Geografia comprometido com as mudanças sociais revela as contradições presentes na construção do espaço, inerentes ao modo como homens e mulheres transformam e se apropriam da natureza. Nesta perspectiva, há que se tornar possível ao educando perceber-se como parte integrante da sociedade, do espaço e da natureza. Daí a possibilidade dele poder (re)pensar a realidade em que está inserido, descobrindo-se nela e percebendo-se na sua totalidade, onde revelam-se as desigualdades e as contradições. Sob tal perspectiva, o ensino de Geografia contribui na formação de um cidadão mais completo, que se percebe como agente das transformações socioespaciais, reconhecendo as temporalidades e o seu papel ativo nos processos.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Percebe-se que a prática metodológica no tocante ao ensino de Geografia, tem sido assentada em aulas expositivas, na leitura de textos e em questionários com respostas prédeterminadas, tendo como objetivo a memorização dos conteúdos. Porém, tal prática tem se mostrado insuficiente para que se concretize a construção do conhecimento geográfico. Portanto, faz-se necessário repensar a metodologia para que, de fato, se assegurem os
objetivos a que a disciplina de Geografia se propõe.
É preciso que o educando se perceba enquanto sujeito, como produto e ao mesmo tempo transformador do espaço, por meio de suas ações e até mesmo de suas omissões.
É importante que a escolha da metodologia possibilite ao educando mecanismos de análise e reflexão sobre sua condição. Segundo FREIRE (1983, p.61): “não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”, portanto, é importante a valorização dos saberes que os educandos possuem e que foram acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto de partida para a construção de outros saberes. No caso da Geografia, tais pressupostos se tornam mais evidentes e necessários.
A realidade dos educandos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e oportunizar a observação, a análise e a reflexão, categorias essenciais para o desenvolvimento de “um olhar geográfico” da realidade, ou seja, do mundo vivido.
Nessa perspectiva a problematização surge como metodologia para a abordagem dos conteúdos ou temas. Problematizar significa levantar questões referentes ao tema e ao cotidiano dos educandos, o que implica em expor as contradições que estão postas, buscar explicações e relações e construir conceitos. Exemplo: ao trabalhar o tema “Indústrias no Brasil”, escolher uma indústria local e questionar:
1- Qual a necessidade de termos uma indústria na nossa cidade?
2- Quais mudanças foram provocadas por sua instalação?
3- Qual a sua importância para o município, estado, país?
4- Qual sua importância para a população?
5- Por que ela se instalou nessa região?
6- Como é seu processo produtivo?
7- Quais impactos vêm causando no ambiente?
A problematização pressupõe que se estabeleça o diálogo, ou seja, que o educando seja ouvido, o que significa envolve-lo na construção do conhecimento.
Considerando a concepção do ensino de Geografia, numa perspectiva crítica e dialética e tendo em vista que no seu encaminhamento metodológico é fundamental considerar os saberes que os educandos trazem consigo, vinculados a sua história de vida, optou-se pela organização do currículo de Geografia, em três grandes eixos: Espaço, Relações Sociais e Natureza.
Esses eixos estabelecem relações entre si e permitem a compreensão da totalidade do espaço geográfico. Vale ressaltar, que a totalidade aqui não é a soma, mas o conjunto da formação socioespacial. A compreensão da migração campo-cidade, por exemplo, só ganha sentido quando a ela se relaciona a estrutura fundiária, a questão da má distribuição das terras, a industrialização das grandes metrópoles, a periferização e a qualidade de vida em si.
O conjunto dos eixos, o Espaço, as Relações Sociais e a Natureza articula-se as temáticas expostas no quadro de conteúdos. Dessa maneira, os conteúdos selecionados, devem ser trabalhados nas suas interrelações, rompendo-se com a compartimentalização e com a linearidade do conhecimento geográfico, possibilitando a explicitação do processo de produção do espaço pelas sociedades.
Cabe ao professor, como mediador na construção do conhecimento, criar situações de aprendizagem, tomando como ponto de partida as experiências concretas dos educandos no seu local de vivência, seja uma área rural, uma aldeia indígena ou no meio urbano, de modo a permitir a resignificação de sua visão de mundo.
Nessa perspectiva, para que a avaliação cumpra o seu papel como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, se faz necessário definir o objetivo da atividade avaliativa e o conteúdo a ser avaliado. E ainda utilizar instrumentos diferenciados, analisar e qualificar os resultados, para que a partir deles o educando possa refletir e opinar sobre os saberes construídos e os conhecimentos organizados e para que o educador possa rever a sua prática pedagógica.
A avaliação deve contemplar situações formais e informais e utilizar diversas linguagens.
Os objetos da avaliação no ensino de Geografia, são os três eixos mencionados: Espaço, Relações Sociais e Natureza. A partir deles, utilizar-se-á da descrição, da representação, da interpretação, da localização e da análise para a compreensão das transformações que se processam no espaço e na maneira como homens e mulheres organizam e produzem o espaço por eles vivido.
Dessa forma, o educador deve encaminhar as ações do dia-a-dia, possibilitando a construção de conceitos e, ao mesmo tempo, acompanhando o desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, para que, de fato, possa se efetivar a construção da sua autonomia e cidadania plena.
CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA
Ensino Fundamental
*A Geografia vista como a Ciência do Espaço
- Estudo da Geografia
- Divisão da Geografia: Geografia Física e Geografia Humana
*A Descoberta do tempo de do espaço
- Tempo e espaço: dois elementos abstratos
- Distinguindo um elemento abstrato de um elemento concreto
- Definição de espaço
- Medindo o tempo e o espaço
- O tempo da natureza e o tempo do ser humano
- Os diferentes tipos de espaços
- Geografia e o Tempo
*Geografia e Paisagem
- paisagem natural e paisagem cultural
*Cidade de Anápolis
- Mapa urbano
- Relevo, clima, temperatura, solo, vegetação, hidrografia e tipografia
*A terra, um astro do Universo
- Definição e origem
- As estrelas
- As galáxias
- Sistema solar
- Teoria do big-bang
- O sol e a Lua
- As fases da Lua
- A terra: forma e movimentos
*Instrumentos do Trabalho Geográfico
- Os meios de orientação
- Coordenadas Geográficas
- As zonas climáticas
- Fusos horários
- Fusos horários no Brasil
*Cartografia – Representação da paisagem
- Planisfério político
- O que é escala.
*Hidrosfera: A camada líquida da Terra
- A água é essencial para a vida
- Oceanos e mares
- Relevo submarino
- Como estamos tratando o nosso oceano.
- Correntes marítimas e pesca.
- Rios – características gerais
- Principais rios brasileiros
- Mapa: Brasil – bacias hidrográficas e rios
*Dinâmica da Natureza
- O relevo e seus agentes
- Vulcões e terremotos
- Às formas de relevo
- O relevo do Brasil
- Agentes internos e externos
*Atmosfera e Vegetação
- Elementos e fatores climáticos
- Precipitações atmosféricas
- Mudanças climáticas no mundo
- Tipos climáticos do Brasil
- Paisagens vegetais do mundo
*O espaço brasileiro
- Identificando o Brasil
- Localização e limites
- Brasil: fronteiras terrestres
- A organização do espaço geográfico
*População brasileira
- Estrutura por idade
- Estrutura por gênero
- Migrações no Brasil
- A população que trabalha
- Economia e subdesenvolvimento
- Desigualdade social do Brasil
- Espaço humanizado
- Rede Urbana
- O êxodo rural
- Transformações recentes: cidade e campo
*Complexidade econômica
- A agricultura brasileira
- Indústria brasileira
*As grandes regiões brasileiras
- Região Norte
- Região Nordeste
- Região Centro-Oeste
- Região Sul
- Região Sudeste
*Município de Anápolis
*O Estado de Goiás
*América
- Aspectos gerais do continente americano
- América Latina e América Anglo-Saxônica
- Os americanos estão em todas
- Os tipos de colonização implantados na América: exploração e povoamento
- Aspectos da colonização espanhola e portuguesa
- A colonização Inglesa
- A colonização inglesa e francesa no Canadá foi cheia de conflitos.
- As bases históricas do subdesenvolvimento e neocolonialismo e o imperialismo
- Características do Desenvolvimento e do Subdesenvolvimento
- A dívida externa
- O índice de desenvolvimento humano
*AIDS e conflitos armados sufocam o progresso humano em muitos países
*O consumo e a distribuição desigual de renda
*A ocupação indígena
- Os índios norte-americanos
- Os astecas
- Os maias
- Os incas
*América do Norte
- A Groenlândia
- O Canadá
- Estados Unidos
- O México
*América Central
- Divisão da América Central
- Países Continentais
- O canal do Panamá e a zona do canal
- Porção Insular
*Cuba e o Socialismo na América
- Extensão territorial e condições naturais
- A população cubana
- O espaço econômico cubano
- A independência e a revolução socialista cubana
- A crise cubana
- Medidas tomadas para contornar a crise
- Globalização mexe com Cuba
*América do Sul
Divisão:
- América Andina
- América Platina
- Guianas
- Brasil
*Oceania
- Colonização e povoamento
- Descolonização
- Relevo
- Clima, vegetação e hidrografia
- População
- Economia
*Mercosul e Alca
*Geopolítica Mundial
- Acidentes históricos
*O capitalismo
- Fases do Capitalismo: Comercial, industrial e financeiro.
*Nova ordem mundial
- Guerra Fria
- Fim da União Soviética
- A globalização da economia
*A revolução socialista e surgimento da União Soviética
*Principais blocos econômicos
*Globalização
*Organização dos países no mundo
*Níveis de desenvolvimento no mundo
*África
- Localização
- Subdivisões
- Relevo
- Clima
- Hidrografia
- Vegetação
- População
- Economia
*Ásia
- Divisão política
- Clima
- Relevo
- Hidrografia
- População
- Economia
*Ásia Ocidental
- Aspectos Humanos e físicos
*Ásia Meridional e de Sudeste
*Ásia Setentrional e Central
*Oriente Médio
*Japão
*China
*Federação Russa
*Europa
- Divisão Política
- Aspectos Físicos
- População e Economia
- Minorias étnicas na Europa
- União Européia
- Crise no Leste Europeu

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