sábado, 22 de fevereiro de 2014

2a. Lição: Estrutura Organizacional Pedagógica

Educação de Jovens e Adultos - EJA
A Educação de Jovens e Adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um significado à sua vida. A educação ao longo da vida implica repensar o conteúdo que reflita certos fatores, como idade, igualdade entre os sexos, necessidades especiais, idioma, cultura e disparidades econômicas. De acordo com (Fernández, 1995).
“A educação de adultos tem por dupla finalidade garantir a plena realização da pessoa e favorecer sua participação no desenvolvimento socioeconômico e cultural, podendo-se destacar quatro funções principais cuja importância e papel respectivos variam de acordo com os países e os diferentes momentos históricos, a saber: a alfabetização e o domínio dos idiomas básicos, a redução das desigualdades derivadas das deficiências do sistema educacional, o aperfeiçoamento e a reorientação profissional e o fomento da criatividade, da participação na vida cultural e política”
Deve-se atentar também para a especificidade da educação de adultos. Os alunos desta modalidade apresentam características próprias bem diversas das crianças necessitando de metodologias e de material didático apropriados, como ainda que o sistema educativo esteja fundamentado em princípios filosóficos, antropológicos, psicológicos, sociológicos adequados ao processo de ensino e à aprendizagem do aluno adulto.
A Conferência de Hamburgo (CONFITEA V), realizada em 1997 e promovida pela UNESCO, já se tornou um marco de referência para estabelecer as políticas públicas de educação de adultos em diversos países do mundo. O Sr. Federico Mayor, Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no seu discurso de abertura da CONFITEA, comenta que o desenvolvimento da educação de adultos, nestas duas últimas décadas, vem sendo bastante acelerado, embora nem todos que precisam tenham acesso à educação. Fundamentando-se na Declaração de Hamburgo, 1997 podemos elencar à Educação de Jovens e Adultos:
“a educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça”.1
1 Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos, in Educação de jovens e adultos: uma memória
contemporânea 1996-2004, Brasília: MEC/UNESCO, 2004, pp. 41-42.

No Brasil, esta Conferência assume uma importância maior e um significado distinto dos demais países uma vez que vincula a educação de adultos com a política de desenvolvimento sustentável, despertando o interesse e a preocupação de vários segmentos da sociedade. Além disso, em Hamburgo, foi instituído o Decênio da Alfabetização de Adultos, como estratégia de desenvolvimento social, tendo a pretensão de promover a educação para consolidar uma sociedade mais justa e um mundo mais pacífico.
A promoção dessas conferências e as diretrizes gerais destas emanadas conotam a importância e a prioridade da temática educação de adultos no mundo atual. Segundo o Ministério da Educação:
“O MEC investe fortemente, também, na formação continuada dos educadores, por acreditar que a eqüidade e a qualidade do ensino estão vinculadas ao exercício docente, à prática pedagógica apropriada, decorrente, sobretudo, da especificidade das características desses alunos”.2
Assim, para desenvolver práticas educativas mais pertinentes e úteis às pessoas adultas que procuram a EJA, há que se compreender melhor como as atividades pontuais se articulam e interagem com políticas educacionais locais, regionais e nacionais e também como as mesmas atividades se articulam com propostas, metas e diretrizes.
Os objetivos da educação de jovens e adultos, vistos como um processo de longo prazo desenvolve a autonomia e o senso de responsabilidade das pessoas e das comunidades. Fortalecendo a capacidade de lidar com as transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade como um todo, portanto, é essencial que as abordagens referentes à educação de adultos estejam baseadas no patrimônio cultural comum, nos valores e nas experiências anteriores de cada comunidade. Deve assegurar o respeito integral aos direitos humanos e às liberdades individuais, tendo como objetivo principal a criação de uma sociedade instruída e comprometida com a justiça social e o bem-estar geral, promovendo a cultura da paz e educação para a cidadania e para a democracia, que respeite a diversidade e igualdade, os direitos humanos, a liberdade e a sustentabilidade ambiental.
A Educação de Jovens e Adultos ainda deve contemplar as transformações na economia de modo a permitir que homens e mulheres desenvolvam suas habilidades e possam participar do mercado de trabalho e da geração de renda, sendo mediadora do acesso à informação.
É pertinente considerar que o desenvolvimento de novas tecnologias, nas áreas de informação e comunicação, traz consigo novos riscos de exclusão social para grupos de indivíduos e de empresas que se mostram incapazes de se adaptar a essa realidade. Uma das funções da educação de adultos, no futuro, deve ser o de limitar esses riscos de exclusão, de modo que a dimensão humana das sociedades da informação se torne preponderante.
2 MEC - Ministério da Educação e Cultura. www.mec.gov.br/ref/joven/defanet.shtm
Outro aspecto relevante para uma prática significativa na EJA é a consciência da população de idosos e suas contribuições para nossa sociedade. Existem hoje mais pessoas idosas no mundo do que havia antigamente, e esta proporção continua aumentando. Esses adultos mais velhos têm muito a oferecer ao desenvolvimento da sociedade. Portanto, é importante que eles tenham a mesma oportunidade de aprender que os mais jovens. Suas habilidades devem ser reconhecidas, respeitadas e utilizadas. Para tanto, construiremos amplas alianças para mobilizar e compartilhar recursos, de forma a fazer da educação de adultos um prazer, uma ferramenta, um direito e uma responsabilidade compartilhada.3
A construção de uma democracia de fato, implica que a EJA realmente se volte para o protagonismo de todos seus atores e para a sua identidade, sendo o que esta Instituição propõe. Só assim a educação de Jovens e Adultos será uma semente de transformação de sua realidade circundante, da sociedade, da cidade, do país e por utopia do mundo, pois é essa a missão da escola: transformar a realidade em que se vive; transformar o mundo em um lugar
melhor!
“O educador para ensinar bem, tem que saber aonde deseja levar seus alunos,estando preparado para atingir este objetivo”.4
Assim, este projeto pretende contribui significamente na vida do aluno, com intervenções que propiciem a permanência deste nas escolas, com ações que priorizem a motivação e o sucesso deste, tendo como prioridade a consideração dos sujeitos da Educação de Jovens e Adultos:
- Quem são?
- De onde vêm?
- Para onde vão?
- Qual a sua verdadeira identidade?
- Quais os seus reais interesses e expectativas?
A validade deste consiste em apresentar propostas que dinamizem as práticas pedagógicas da EJA. Esta deve pautar-se nos fatores que despertam a motivação, seja ela no âmbito da abordagem racional, moral ou emocional. Os professores devem ter conhecimento sobre estes fatores motivacionais individuais a fim de utilizá-los para promover o ingresso, a assiduidade e a não evasão encontrando estratégias de intervenções que aproxime a EJA das expectativas discentes em relação ao saber institucional.
3 N. E. = Considerações e normas para EJA retirados diretamente (Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos) V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos V CONFINTEA Hamburgo, Alemanha, jul 1997. Disponível em http://www.fe.unicamp.br/gepeja/arquivos/VConfintea.pdf
4 Sérgio Eduardo Port Artigo escrito em: Abr/01 Publicado no culturatura em: Jun/02, disponível em
http://www.culturatura.com.br/artigos/educador3.htm
O objetivo deste é aprimorar a práxis para adequá-la à demanda de trabalhadores, idosos e demais indivíduos que, por algum motivo não tiveram acesso à educação que lhes é de direito em tempo hábil. Digo isto, pois é notório que grande parte dos alunos da EJA está em distorção idade série ou até mesmo são idosos que ainda não foram alfabetizados. Para alcançar suas metas, é necessário que a EJA esteja em consonância e se torne intrínseca às especificidades de cada educando.
O propósito deste projeto ainda abarca a atuação junto aos discentes, de forma que este se instrumentalize para as demandas sociais adquirindo competências e habilidades que o insiram na cidadania plena e se aproprie das vantagens de uma vida na coletividade formal e informal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário